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Naturaleza muerta - Poemas de FLORIANO MARTINS


 
 
Naturaleza muerta
Poema publicado el 07 de Marzo de 2000

               

Cadáveres en lágrimas,
¿no hay nada más inverosímil en tu existencia?
Tres tramos de escalera antes de la caída,
garabateabas de memoria unas palabras finales.

¿Con quién hablabas en tu camino hacia el abismo?
¿Qué voces heridas y extranjeras
rugían en tu drama, casi borrachas, casi voces?
¿Será acaso tan inmensa la eternidad que no podamos encontrarnos
            en una  tarde de sábado?

Silencio rocoso, enfurecido en su casco carcomido,
¿qué vicio tan extraño convierte todo en angustia?
Cadáveres listos para una cena de dolores,
sollozante cosmogonía reclinada en el vacío, ríos de insectos piojos
              róbalos muertos pulgas babosas lentejas podriadas latas de aceite
              -naufragio quemante- herrumbre de faros, tumbas fluctuantes -
              ¿estupor frente a la sangre de las noches?

Hay una distancia ya clásica entre lo que piensas y lo que eres,
       tinieblas de actitud, bautismo de cruces, sofismas gastados, coro
       de ángeles, siempre un mismo puerto de aventureros,
lugar poco probable para nuestro encuentro.
Más aún cuando no te rebelas, entre cadáveres remando contra
      la muerte,
restos de comida fractura de muletas gordiano de heces -¿de dónde
      cae el tiempo? -el verso se quiebra en todo momento

¿Dónde estás? ¿Dónde habitas?
Indago dónde podrías haber nacido.
Habitualmente rodeado de cadáveres,
¿tu noche será la gran industria de los desvalidos?

Metáfora decaída, cantina de precios exorbitantes, estamos siempre
        a dos pasos de algo, pérdidas acumuladas, rutina de miseria
        soluble y pastel de ansiedades -¿será éste tu mundo descomunal,
        tu biblia que todo abarca pero nada percibe en lo íntimo,
        pandereta de la joven Esmeralda, mujeres tatuadas a estilete,
        muchachos cercenados por no portar armas, un huevo de tortuga
        del cual escapa un yacaré, la suprema gloria de la superficialidad,
        muerte entre la piel y el abismo de los sentidos, bandejas de bayas
        y uvas servidas en conferencias de paz, artistas al vacío, suplentes
        de alquimistas accidentados en el trabajo, imbéciles especulativos,  
        cucarachas familiares, durazno pitomba açaí todo de oro, muerte
        eterna, ¿será?
¿En qué océano descomunal te escondes, poeta?
Disfraces: una amargura telúrica una máscara dionisíaca un
         barroquismo ululante -ah, manera formidable de no estar en el
         mundo.
Un demonio triste escribe un banal itinerario de arrepentimientos.

Tus cadáveres ya no te soportan.



Traducción de Jorge Ariel Madrazo





                                                   NATUREZA MORTA


Cadáveres em lágrimas,
nada mais é inverossímil em tua existência?
Três lances de escada antes da queda
rabiscavas de memória umas palavras finais.

Com quem falavas em teu caminho para o abismo?
Quais vozes feridas e estrangeiras
em teu drama rugiam, quase bêbadas, quase vozes?
Será tão imensa assim a eternidade que acaso não possamos nos
           encontrar em uma tarde de sábado?

Silêncio rochoso, enfurecido em seu casco carcomido,
que estranho vício a tudo converte em angústia?
Cadáveres prontos para uma ceia de dores,
soluçante cosmogonia debruçada no vazio, rios de insetos piolhos  
           badejos mortos pulgas lesmas lentilhas podres latas de óleo –
           naufrágio queimante – ferrugem de faróis tumbas flutuantes –  
           estupor diante do sangue das noites?

Há uma distância clássica entre o que pensas e o que és, trevas de
          atitude, batismo de cruzes, sofismas gastos, coro de anjos, sempre  
          um mesmo porto de aventureiros,
lugar pouco provável para nosso encontro.
Ainda mais que não te revelas, entre cadáveres remando contra a
           morte,
restos de comida fratura de muletas górdio de fezes – de onde cai o
           tempo? – o verso se quebra a todo momento.

Onde estás? Onde moras?
Indago onde poderias ter nascido.
Habitualmente cercado de cadáveres,
tua noite será a grande indústria dos desvalidos?

Metáfora decaída, cantina de preços exorbitantes, estamos sempre a
           dois passos de algo, perdas acumuladas, rotina de miséria solúvel
           e pastel de ansiedades – será este teu mundo descomunal, tua
           bíblia que a tudo abrange mas que nada percebe em seu íntimo, o
           pandeiro da jovem esmeralda, mulheres tatuadas a estilete,
           garotos decepados por não portarem armas, um ovo de tartaruga
           por onde escapa um jacaré, a suprema glória da superficialidade,
           morte entre a pele e o abismo de sentidos, bandejas de bagos e
           uvas servidas em congressos de paz, artistas a vácuo, suplentes de  
           alquimistas acidentados em trabalho, imbecis especulativos,
           baratas familiares, pêssego pitomba açaí tudo de ouro, morte
           eterna, será?
Em que oceano descomunal te escondes, poeta?
Disfarces: um amargor telúrico uma máscara dionisíaca um
            barroquismo ululante – ah formidável maneira de não estar no
            mundo.
Um demônio triste escreve um roteiro banal de arrependimentos.

Teus cadáveres já não te suportam.

       

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