Eu desejo uma viagem serena á minha avó - Poemas de JessÉ Barbosa De Oliveira
Eu desejo uma viagem serena á minha avó
Poema publicado el 10 de Agosto de 2010
(EM MEMÓRIA DE BEATRIZ BARBOSA MENEZES,
MINHA AVÓ BEATA)
Caso haja chegado o momento,
Eu desejo que a senhora parta serena e sem padecimento:
Impiedosa, a vida já lhe impôs
Muitos flagelos e descontentamentos.
Como fora abnegada:
Privava-se dos alimentos
Para que a seus filhos
Não faltasse nada.
Como fora abnegada:
Com a muralha do pesar
Sobre suas costas,
Por ter perdido sua primogênita
Princesa de Ébano,
Ajudara a cuidar da prole desta,
Recebendo como recompensa
A rosa da ingratidão
Mais seca, mais perniciosa e mais pérfida!
Amara hermeticamente
Habitantes do planeta dos vórtices violentos:
Um prisioneiro da bebida
E um escravo do ígneo temperamento;
Perdera-os para seus destinos turbulentos.
Sempre tivera de trilhar a alameda de Caetana:
Testemunhara o crepuscular da luz dos pais;
O crepuscular da luz dos seus irmãos;
O crepuscular da luz da sua primeira filha;
Encontrando na mais nova
A estrada para uma existência,
Apesar das dolências emocional e física,
Um pouco mais duradoura, leniente, tranqüila!
Aqui, sentado sobre o divã dos meus pensamentos,
Contemplo a constelação das estrelas
Da glória, da imponência, da grandeza e do orgulho
Pairarem sobre o seu firmamento de sentinela da labuta:
A quituteira, a lavadeira, a engomadeira,
A fibrosa e teimosa mulher guerreira,
Todas a formar o mais majestoso sol da decência.
Caso haja chegado o momento,
Vá serena e em paz,
Filha da nação dos bantos.
Vá em paz e serena,
Minha Jóia Pequena!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Poema publicado el 10 de Agosto de 2010
(EM MEMÓRIA DE BEATRIZ BARBOSA MENEZES,
MINHA AVÓ BEATA)
Caso haja chegado o momento,
Eu desejo que a senhora parta serena e sem padecimento:
Impiedosa, a vida já lhe impôs
Muitos flagelos e descontentamentos.
Como fora abnegada:
Privava-se dos alimentos
Para que a seus filhos
Não faltasse nada.
Como fora abnegada:
Com a muralha do pesar
Sobre suas costas,
Por ter perdido sua primogênita
Princesa de Ébano,
Ajudara a cuidar da prole desta,
Recebendo como recompensa
A rosa da ingratidão
Mais seca, mais perniciosa e mais pérfida!
Amara hermeticamente
Habitantes do planeta dos vórtices violentos:
Um prisioneiro da bebida
E um escravo do ígneo temperamento;
Perdera-os para seus destinos turbulentos.
Sempre tivera de trilhar a alameda de Caetana:
Testemunhara o crepuscular da luz dos pais;
O crepuscular da luz dos seus irmãos;
O crepuscular da luz da sua primeira filha;
Encontrando na mais nova
A estrada para uma existência,
Apesar das dolências emocional e física,
Um pouco mais duradoura, leniente, tranqüila!
Aqui, sentado sobre o divã dos meus pensamentos,
Contemplo a constelação das estrelas
Da glória, da imponência, da grandeza e do orgulho
Pairarem sobre o seu firmamento de sentinela da labuta:
A quituteira, a lavadeira, a engomadeira,
A fibrosa e teimosa mulher guerreira,
Todas a formar o mais majestoso sol da decência.
Caso haja chegado o momento,
Vá serena e em paz,
Filha da nação dos bantos.
Vá em paz e serena,
Minha Jóia Pequena!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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